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Freire.

domingo, 14 de agosto de 2011

Ratio Studiorum: Introdução e origens

Olá pessoal! aqui segue um trabalho realizado em sala de aula, sobre o Ratio Studiorum, introdução e origens!
Boa leitura!
Introdução e origens!
a) contexto histórico da obra
b) colégios da Ordem Jesuítica
c) Constituições
d) o Ratio de 1586
e) edição do Ratio de 1591
f) o Ratio de 1599
g) a revisão de 1832

INTRODUÇÃO
O Ratio Studiorum ou plano de Estudos da Companhia de Jesus desenvolve um papel muito importante. Foi através desse código que se marcaram a organização e as atividades dos numerosos colégios fundados pela Companhia de Jesus que dirigiu cerca de dois séculos.
Considerada uma imensa atividade pedagógica com uma grande influência sobre outros colégios e outros sistemas educativos, que iam formando e se desenvolvendo ao seu lado.
O Ratio conquistou a todos com muito sucesso, é um dos fatores mais eficientes da Contra Reforma Católica, nela se acha ligada a grande parte da aristocracia intelectual dos últimos séculos. Grandes estrelas saíram dos colégios da Companhia.
Para melhor entendimento do texto faremos uma breve introdução indicando as origens, as fontes e as grandes linhas características do Ratio.
ORIGENS
O Colégio de Messina foi o primeiro Colégio clássico da Companhia de Jesus, inaugurado em 1548, por S. Inácio, na cidade de Messina.
            O corpo de docente, representado pelos italianos, espanhóis, franceses e alemães, é unido por vínculos de afinidades religiosas e culturais.
            Em Paris, o método utilizado pelos jesuítas era o modus parisiensis, aparecendo constantemente nos tempos primitivos.
O sucesso dessa experiência em Messina foi animador. O número de alunos aumentou de forma surpreendente. Nadal aproveitou-se desse êxito para ir guardando as experiências positivas que seriam utilizadas no seu primeiro plano de estudos em 1551, o qual foi enviado a Roma e mais tarde utilizado em outros colégios fundados pela Companhia de Jesus.
            Aproximadamente um ano depois, Nadal redige um tratado denominado De Studio Sociealis Jesu contemplando a organização completa dos estudos, desde as classes de gramática até a Universidade.
            O método de Messina também foi utilizado, com algumas modificações, no Colégio de Palermo, fundado em 1549.
            Inácio ao fundar o Colégio Romano tinha por objetivo torná-lo um modelo para as demais instituições, onde seriam formados os futuros professores, habilitando-os nos melhores métodos e pelos mais notáveis educadores.
            Isso se tornou possível no início de 1551. Por meio de uma doação de Francisco de Borja, foi inaugurado em uma casa alugada a Scuola di grammatica, d`hamanitá e di dottrina cristiana, grátis. Os progressos da escola foram tão admiráveis que houvesse a necessidade de uma mudança de casa, pois o número de alunos em 1561 chegava a mil e em 1587, somavam dois mil.
            O corpo docente era selecionado considerando o critério único da competência e da eficiência. Desde os primeiros anos de sua existência são encontrados os mais célebres mestres, de reputação universal ocupando as cadeiras de professor.
            Quanto ao plano de estudos e programa de ensino, adotou-se inicialmente no Colégio Romano o que já havia provado bem em Messina, o Modus Parisiensis manifestamente preferido por Inácio, ao Modus Italicus apesar da oposição de algumas autoridades romanas. Este primeiro Ratio Studiorum, mais tarde enviado de Roma para os estabelecimentos que iam se fundando em diferentes países da Europa. De 1552 a 1557 percorreu quase toda a Europa, como delegado de Inácio para explicar, observar, uniformizar a organização, ver o funcionamento dos colégios então existentes em Portugal, Espanha e Germânia, promulgarem as Constituições da Ordem, ultimadas em 1552. Foi nomeado Prefeito de Estudos no Colégio Romano, cargo que desempenhou de 1557 a 1559. Governou o mesmo colégio como reitor de 1564 a 1566. Elaborou o novo Ordo Studiorum, posto em execução durante o seu reitorado.
            O trabalho iniciado por Nadal foi continuado por Ledesma com a colaboração dos seus colegas de magistério. Dos 132 documentos publicados no volume e do Monumenta Paedagogica, 59 foram atentamente transcritos, corrigidos ou anotados por ele.
            Já em 1553, Inácio chamava a atenção sobre a necessidade de não aceitar precipitadamente novas fundações. Quando faleceu S. Inácio, a Companhia contava com colégios na Itália, na Espanha, na Áustria, na Boêmia, na França e em Portugal, ao todo 33 colégios em atividade e seis outros já por ele formalmente aceitos.
Os colégios Jesuítas iam se multiplicando no prazo de poucos anos. A nova ordem se afirmou, no campo pedagógico, como uma instituição plenamente vitoriosa.
Para estabilizar o governo dos colégios adotou, durante algum tempo visitas de Comissários gerais, ou inspetores de ensino, como diríamos hoje. Para manter a uniformidade da estrutura e desenvolver a eficiência da obra educativa da ordem.
 Nadal ficou encarregado de percorrer quase toda a Europa, com a missão de inspecionar e organizar os estudos. O regime das inspeções periódicas não constituía a solução definitiva e normal do problema.
CONSTITUIÇÕES
Estava em vigor em 1552, a IV parte das constituições, na qual era um documento de organização didática que ajudava organizar atividades pedagógicas da ordem na época e exercia um ensino jesuíta.
O Ratio Studiorum para Inácio seria um complemento natural e indispensável das constituições, na qual se estabelecesse leis e processos educativos que poderia evitar as mudanças que acontecia com a sucessão de professores e prefeitos de estudos. Os padres da província romana deram seu parecer de um plano de estudo e ensino uniforme e sistematizado, em que traria grandes benefícios à Igreja e a própria Companhia.
            O Ratio de “1586”, a Summa Sapientia, tratava-se de última coletânea de diretivas e ordenações dos trabalhos de Ledesma, Nadal e professores dos colégios romanos.
Sachini em 1577 estabeleceu uma legislação geral e uniforme, reduzindo as regras de vários ofícios administrativos dos colégios na Companhia. Aquaviva reuniu doze membros de nacionalidades distintas para elaborar uma formula de estudo (ad conficiendam formulam), essa comissão não deu resultado. Em 1584, Aquaviva já tinha nomeado outra comissão, composta de apenas seis membros, representantes das principais nações da Europa e da província da Ordem, o tempo de estudo era dedicado em discussões, consultas, leitura, estudo de documentos, regularização de colégios e universidades, relatórios das diferentes províncias, costumes, locais, princípios disciplinares e materiais pedagógicos com mais de 40 anos de experiências e que estava pronto para entrar em codificação.
Depois de nove meses de estudo conseguir-se-ia assim terminar a construção do Ratio, mas o    P. Geral leu e com seus assistentes examinaram com uma comissão do Colégio Romano, não satisfeito ainda pela análise resolveu fazer um estudo crítico de toda Companhia, onde o mesmo somente era usado para uso interno.
            Em 1586 foi enviado a todas as províncias uma via do Ratio, nela Aquaviva recomendava que em cada província fossem nomeados pelo menos cinco padres providos de saber e que fossem prudentes, para que estudassem os esboços do Ratio para que depois assim fosse redigido à nova formula do Ratio. Mas depois de enviada esta nova versão ela ainda não tinha caráter definitivo e obrigatório. Ela não devia ser posta em execução, mas analisada e criticada pelos que estavam no poder dos colégios da Europa. As províncias que receberam vias do Ratio para poderem analisá-lo levaram muito a sério o seu estudo, pois escolheram homens notáveis de doutrina, e na prática do magistério.
            Depois de alguns meses estudados começavam a aparecer relatórios dos novos estudos, ainda mais centrados; vinha das províncias que assim o receberam para estudos mais aprofundados. Para realizarem seus estudos eles adotavam dois pontos importantes que deveriam conter no Ratio: a imprecisão e prolixidade da formula examinada, sobre as questões pedagógicas elas eram debatidas e analisadas entre seus pro e contra e era também analisada inserção do grego com os primeiros elementos do latim.     
            Em 1591 depois de muitos estudos fica pronta uma nova edição do Ratio, sua estrutura de trabalho sofreu muitas mudanças radicais sofrendo sua formulação, já não era mais um anteprojeto a ser estudado mais sim um código de leis a ser estudado e traduzido imediatamente, mais depois de estudado deveria se assim mandar os resultados dessa experiência para Roma, para mais uma nova formulação.
O Ratio de 1599 – a partir do ano de 1594 começa a chegar às primeiras observações do Ratio, assim ele numeroso de regras e algumas repetidas. Reduziu-se assim de metade o volume do Ratio: enquanto a segunda edição contava com 400 paginas, a última não ia além de 208, o número total de regras descera de 837 a 467. Assim em janeiro de 1599 uma circular comunicava a todas as províncias a edição definitiva do Ratio Atque Institutio Studiorum Societatis Jesu. Tornando-se assim a promulgação de uma lei.
Desde a criação do Colégio de Messina em 1548, este sendo o primeiro grande colégio da Companhia, com varia readequações do plano de estudos.
As leis e regras que passavam a incorporar e orientar os colégios da Companhia representava uma experiência de quase meio século. Essa experiência rica, ampla, variada, que talvez constitua um caso único na história da pedagogia. Estão representadas todas as raças e nações do Velho Continente, para ela contribuíram centenas de estabelecimentos de educação dos mais frequentados e afamados do seu tempo, enriqueceram-na duas ou três gerações de educadores, insignes pela inteligência, pela cultura, pela dedicação espontânea e total à nobre causa da educação da juventude. Sendo um raro exemplo de sistematização pedagógica que resultou em uma harmoniosa variedade de colaboração.
 Revisão de 1832 – o código de estudos promulgado por Aquaviva permaneceu, como lei oficial da Companhia, durante quase dois séculos, até a suspensão da Ordem em 1773. Com isso os colégios jesuítas permanecerem petrificados durante um bom período, não se adaptando as novas exigências de tempos que mudavam.
Porém passado algum tempo os colégios jesuítas se dispuseram a adaptação na prática as novas condições dos tempos. É fácil imaginar o imenso golpe que na educação cristã da juventude representou a supressão da Companhia de Jesus na segunda metade desse infeliz século XVIII.
Em 1814 Pio VII, restaurava em toda a Igreja a Ordem suprimida pela pressão das cortes dos Bourbons. Em 1824 Leão X, a causa principal era a formação intelectual e moral da juventude.
Revisão do Ratio com a reabertura dos colégios. Em Julho de 1832, o Ratio já poderia ser enviado a toda Ordem revisado, houve poucas modificações, reformulando as disciplinas, havendo maior mudança curricular.
O Ratio de 1832, que foi enviado às províncias, não chegou a ser aprovado por nenhuma Congregação Geral, não possuindo assim uma autoridade de lei, e sim apenas uma norma diretiva. Em 1941, foi enviado a Companhia de Jesus um novo Ratio, tendo vários anos de preparação, referindo-se apenas aos estudos superiores.
Hoje em dia os Colégios da Companhia de Jesus, conservam as orientações pedagógicas do Ratio, adaptando-se as exigências de cada país.
Att: Andrieli Dal Pizzol

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